domingo, 28 de junho de 2009

Relato de Deliane Leite sobre a noite de 24 de junho de 2009

"Ao lermos Afonso Ávila nos deparamos com um certo hermetismo, mas esta é somente a primeira impressão. Afonso Ávila tenta dizer o máximo com o mínimo, por isso alguns o filiam ao concretismo e poema-processo. Sua geração verteu grandes nomes, como João Cabral de Melo Neto, e é nesse ponto que Afonso se revela um verdadeiro artesão da palavra. A homenagem ao poeta mineiro na quarta dia 24/06 no auditório da Biblioteca Nacional de Brasília inundou a todos os presentes com a atmosfera avilana. O professor Antônio Miranda conduziu com muita maestria esta justa homenagem.
Eu e Carlos Alberto da Silva Xavier reviramos um verdadeiro baú de preciosidades de nossa literatura. O ponto alto da recitação foram os poemas em que Afonso Ávila utilizou a linguagem poética como meio para criticar o estado militar em que o país estava imerso (1964-1985). Enquanto pesquisadora, poeta e membro do grupo Vivoverso parabenizo a iniciativa da BNB de promover o Tributo ao Poeta. A irmã do poeta, presente na homenagem, revelou-me a paixão pela obra do irmão, que por motivos de saúde não pode comparecer ao evento. Sua emoção veio ao perceber que não era a única aficcionada pelo poemas avilanos, boa parte da platéia, ao deixar a BNB na última quarta, levou pra si um pouco do autor do poema a Arte de Furtar."

2 comentários:

  1. ahh, posta um poema dele para nossos olhos inquietos, ler vocês e não estar aí é muito ruim e dá coceira se não tenho o poema-aqui.
    dá essa palhinha, dá.
    abração
    christiano
    florianópolis

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  2. Aí vai o poema Chris, enviado pela Deliane:

    "A diagramação lembra, sem dúvida, os 'labirintos' medievais, os textos palindrômicos, as construções textuais barrocas em forma renovada e inovadora:

    & em cada conto te cont
    o & em cada enquanto me enca
    nto & em cada arco te a
    barco & em cada porta m
    e perco & em cada lanço t
    e alcanço & em cada escad
    a me escapo& em cada pe
    dra te prendo & em cada g
    rade me escravo & em ca
    da sótão te sonho & em cada
    esconso me affonso & em
    cada cláudio te canto & e
    m cada fosso me enforco&

    (Código de Minas, Afonso Ávila)"

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