sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Para o Ano Novo, mensagem do 'nosso' poeta Augusto Rodrigues

Caros Amigos & Pesquisadores & Artistas & Poetas 


segue uma meditação cabralina do ano que se inventa:

"A aranha passa a vida
tecendo cortinados
com o fio que fia
de seu cuspe privado.

Jamais para velar-se:
e por isso são ralos
Para enredar os outros
é que usa os enredados."
(João Cabral)

faço votos de que o próximo ano seja de muita poesia e encontros para bons eventos, boas leituras, bons cafés com versos e bons livros.

que façamos bem esta brasília que faz tão bem para o campo das artes literárias

grande abraço e muita paz em 2011 para vocês e suas famílias

vivo o verso pois o verso vige
vivo do verso para o ver solto e simples
ver vir ser o verso: para o ser
poesia assim: vivoverso ser vivo e ser

Augusto

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

'EM FEITIO DE ORAÇÃO' , e de Noel

*
creio
em você
criador na Terra...
creio na luz
das cores da diferença...
essa é minha crença
!
creio na comunhão dos seres
na revisão do passado
creio que a vida eterna é o agora
creio na força que o Natal comemora
e em tudo que junto se fez
.
creio em nós mais uma vez
e tanto...
em nome do Pai, do Filho e do Amigo santo.
[amém!]

                                 *mix de de Sylvia

A cada Amigo  que esteve diretamente com o Vivoverso em 2010, ofereço  meu credo . Vocês distribuíram -antes da data- o verdadeiro espírito de Natal !  

Gratidão, 'nossa' palavra-tudo* a...

Alex Moraes - o multiartista- e  equipe da Tertúlia Artesanato
Amneres, Augusto,Carpinejar, José Castello, Fiorese, Garcia Lopes, Julliany, Marino, Maurício Melo, A.Miranda, Nicolas, Piero, Pilati, Sergio Sá, Sérgio Leo, Turiba
Ana, Débora, Dora, Gustavo, Henrique, Marlon, Nívia,  do TEL
Eliana Yunes, Júlio Diniz e Érico Braga,  da PUC-RIO
Enrique Huelva, Gisele Melo, Naeli Ritter, do IL-UnB
João Batista de Souza , Vice-Reitor Magnífico
João e Wanderli ,  do Museu da República
Nelson Petry, da Petry Gráfica e Editora

 Em 2011, queremos continuar junto e com vocês!

*imagem poética de Carlos Drummond de Andrade

sábado, 11 de dezembro de 2010

HOMENAGEM A NOEL ROSA na crônica de Ivan Iunes: "O sambista perene"



Do blog da prima Roberta Iunes, http://www.casamentobetaeivan.blogspot.com/

reproduzimos trecho da crônica do jornalista e primo Ivan Iunes, publicada hoje no Correio Braziliense.

"Na madrugada de 9 para 10 de dezembro de 1910, o Rio de Janeiro vivia em estado de quase convulsão social. A reação do governo da então capital federal sufocava a tiros de canhão o último levante relacionado à Revolta da Chibata, na Ilha das Cobras, dentro da Baía de Guanabara. Em meio a uma cidade dividida, o médico José da Graça Mello foi chamado às pressas para o chalé da Rua Teodoro da Silva, em Vila Isabel. O parto, complicado pela bacia estreita da mulher, só foi resolvido com a ajuda de outro médico, Heleno Brandão. Um fórceps mal executado acabou por fraturar o lado direito do maxilar do bebê, que dias depois recebeu o nome de Noel de Medeiros Rosa.

Nas primeiras décadas do século XX, o samba, como retrato do próprio Rio de Janeiro, poderia ser considerado um ritmo partido. Foi no morro do Estácio, espremido entre o samba de roda e o maxixe que teve gênese o samba contemporâneo. A reinvenção do gênero, no entanto, só ganhou o asfalto, poesia e o lirismo atuais a partir do protagonista principal do chalé da Teodoro da Silva.

Nascido há exato um século, foi apenas a partir dos anos 1950 que a obra de Noel Rosa se fez perene a partir de regravações de Aracy de Almeida, uma de suas intérpretes favoritas. A obra do compositor branco, de classe média, mirrado, com apenas sete anos de produção intelectual até o seu desaparecimento em 1937, percorreu um purgatório de 13 anos até que, redescoberta, o transformou no mais influente letrista da história da música brasileira.

Figura controversa, escorregadia, amante da boemia, das zonas de meretrício e da velha Lapa, avesso à luz do dia, porque “levava as morenas embora”, Noel Rosa jogou todo seu talento em sete anos de produção. Cercou-se de pouco mais de 60 parceiros, entre os quais Antônio Nassera, Cartola, Ismael Silva, Wilson Batista e o mais produtivo deles, Vadico, com quem compôs sua obra prima “O Último Desejo”, além de “Feitio de Oração” e outras.

Deixou um legado de 252 composições, fora parcerias que não assinou pelo que chamava de “nossa amizade”. Produziu uma obra atemporal, tão irônica quanto lírica, com temas até hoje atuais, como a invasão cultural norte-americana. “Até Noel, a lírica musical brasileira era parnasiana, idílica e o amor, algo inatingível. Ele vulgariza isso tudo, trazendo inclusive o amor para uma linguagem cotidiana, coloquial, extremamente moderna. Ele entende o modernismo mais do que boa parte dos modernistas”, explica o pesquisador André Diniz.

Em uma era onde o rádio e a mídia eram incipientes, soube cultivar polêmicas e, no rastro delas, se eternizar. Somente para a inspiração do primeiro sucesso, a paródia do Hino Nacional “Com que Roupa”, inventou um par de histórias diferentes – da mão que havia escondido suas roupas para que não saísse à noite até uma canção política, sobre o estado do país na época, uma nação de “tanga” como gostava de dizer. Da mesma forma, trava um duelo musical com Wilson Batista, amplamente divulgado e motivado por ciúmes da mesma Ceci que, além de inspirar “O último desejo”, também o levou compor “A dama do cabaré”. Ao morrer, deu início ao final da era de ouro da música brasileira, que nunca mais teria o mesmo vigor."

***

VIVOVERSO  presta com o autor sua homenagem ao grande POETA DA VILA, quando completaria 100 anos.

...Que tal deixar pra nós nos comentários alguns versos de Noel?

terça-feira, 30 de novembro de 2010

VIVOVERSO CONVIDA PARA A POESIA !


O Vivoverso tem a alegria de convidar para o lançamento do livro do poeta AUGUSTO RODRIGUES, membro do Grupo .

Na Livraria Sebinho, 406 norte.
Dia 6 de dezembro, às 19h, todos lá!!

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

POESIA CONTEMPORÂNEA: OS OLHARES ESPECIALISTAS

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"Quem não ouve a melodia, acha maluco quem dança..." * 
Oswaldo Montenegro 
_______________________________________________

O II Simpósio de Crítica de Poesia cumpriu seu objetivo:
mostrar um mix de olhares sobre a lírica brasileira, da tradição à sua tradução contemporânea...
Do roteiro de 'Brasílias de luz' às discussões acirradas nas  
Mesas de Debates.

POESIA CONTEMPORÂNEA: OS OLHARES DA RECEPÇÃO
ELIANA YUNES (na foto) e SYLVIA CYNTRÃO
MEDIADORA: JULLIANY MUCURY

POESIA CONTEMPORÂNEA: O LUGAR EDITORIAL
RODRIGO GARCIA LOPES e ANTONIO MIRANDA
MEDIADOR: SERGIO LEO

POESIA CONTEMPORÂNEA: O LUGAR SOCIOEXISTENCIAL
ÉRICO BRAGA e FERNANDO FIORESE
MEDIADOR: PIERO EYBEN

POESIA CONTEMPORÂNEA: DO LOCAL AO GLOBAL
NICOLAS BEHR e LUIS TURIBA
MEDIADOR: AUGUSTO RODRIGUES

POESIA CONTEMPORÂNEA: BRASÍLIA 50 ANOS
ALEXANDRE MARINO e AMNERES SANTIAGO
MEDIADOR: ALEXANDRE PILATI

 PALESTRA DO POETA FABRÍCIO CARPINEJAR
Prêmio Jabuti

POESIA CONTEMPORÂNEA: O LUGAR MIDIÁTICO
  SERGIO DE SÁ e JOSÉ CASTELLO
MEDIADOR: MAURICIO MELO JÚNIOR

***
Na sequência, para 2011...
o livro Poesia contemporânea: olhares e lugares, com a palavra crítica e poética dos convidados e o DVD Brasílias de luz, gravado ao vivo na festa da poesia. Aguardem!

*versos da camiseta-Tertulia , produzida para o evento.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A FESTA DA POESIA ACONTECEU!

O espetáculo "Brasílias de luz" e a presença do homenageado Oswaldo Montenegro lotaram o Auditório do Museu da República no último dia 8!

...Com VERSOS-QUE-SÃO-VIVOVERSO agradecemos sua presença e seu apoio!*

*Detalhe de camiseta da Tertulia Artesanato -leia-se Alex Moraes- que apoiou , ao lado de Petry  Editora e Capes-MEC o II Simpósio de Crítica de Poesia e o espetáculo de Abertura.

 Vivoverso na confraternização, após o espetáculo-homenagem. Na foto , com o Grupo, Enrique Huelva, vice-diretor da Letras, Sylvia, Prof. João Batista, vice-reitor da UnB, e Oswaldo Montenegro.

Os pesquisadores-performáticos Felipe, Pat, Gi, Gabriel, Jessica(figurinos), Mateus, Ismênia, Paulo, Nat e Ju (em pé).
Lets, Yara, Max, Deli, Mônica e Vanderli -do som (sentados).
***
Na sequência, comentários sobre o evento e muitas fotos do II Simpósio de Poesia com os poetas e jornalistas convidados. Aguardem!!

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A luz de Oswaldo Montenegro em Brasília. Anderson Braga Horta. Luis Turiba. João Carlos Taveira. Nicolas Behr. Saiba mais....!

Dia 8 de novembro, às 19h, Brasília vai homenagear seus poetas!
no Auditório do Museu da República (Esplanada dos Ministérios) 

 Grupo Vivoverso, da UnB, em
BRASÍLIAS DE LUZ 

confirmaram a presença
os Poetas cujos versos compõem o texto do espetáculo: 

AL-Chaer,
Anderson Braga Horta,
 João Carlos Taveira,
Luis Turiba,
Nicolas Behr

os poetas convidados 
Amneres Santiago, Alexandre Marino,
Alexandre Pilati, Antonio Miranda,
Angélica Lima,
 Érico Braga, Fernando Fiorese ,
Fabrício Carpinejar, Rodrigo Garcia Lopes

e o homenageado da noite,
Oswaldo Montenegro*,

*O artista fará uma sessão de autógrafos para lançamento do 
CD Canções de amor após o espetáculo.

ENTRADA FRANCA

***
Tertúlia Artesanatos, parceira do evento, estará no local disponibilizando  a
camiseta especialmente produzida para a ocasião.
                                                                     Vivas ao Alex!

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

A Poesia VAI acontecer em Brasília !!! 8, 9 e 10 de novembro


II Simpósio de Crítica de Poesia
"Poesia contemporânea: olhares e lugares"
um evento da Semana de Extensão IL/TEL/ UnB 
COM APOIO
  MEC-Capes
Instituto de Letras-UnB
        Petry Gráfica e Editora 
 Tertúlia Artesanatos

PROGRAMAÇÃO
                            
DIA 8 – SEGUNDA-FEIRA (tarde/noite)
Local: Universidade de Brasília- Auditório do Prédio novo do IB
 (Instituto de Biologia)

12h30 – 14h INSCRIÇÃO SOLIDÁRIA- um livro de poesia em bom estado, que será doado
14h – 14h15 MESA OFICIAL DE ABERTURA
14h15 – 15h30 MESA DE DEBATE 1

POESIA CONTEMPORÂNEA:OS OLHARES DA RECEPÇÃO
PALESTRANTES: ELIANA YUNES  e  SYLVIA CYNTRÃO
MEDIADORA: JULLIANY MUCURY

15h45-16h30 Mesa de Comunicação A-
                    Líder: Anderson Silveira de França

16h30 – 18h  Mesa de Comunicação B-
                    Líder: Piero Eyben


19h -NOITE ESPECIAL DEDICADA AOS POETAS DE BRASÍLIA
Local: Auditório do Museu da República- Esplanada dos Ministérios
 Homenagem ao cancionista, poeta, músico,produtor e diretor teatral e de cinema OSWALDO MONTENEGRO,
( presença confirmada)

O Prof. Dr. João Batista de Sousa, 
Magnífico Vice-Reitor da UnB,  fará a entrega da homenagem da Universidade de Brasília ao artista.

DIA 9 – TERÇA-FEIRA (manhã/tarde/noite)                                     
Local: Universidade de Brasília – Auditório do Prédio novo do IB (Instituto de Biologia)

8h – 9h30 Mesa de Comunicação C-
               Líder: Elga Pérez Laborde

9h30 – 10h45  MESA DE DEBATE 2

POESIA CONTEMPORÂNEA: O LUGAR EDITORIAL
PALESTRANTES: RODRIGO GARCIA LOPES e ANTONIO MIRANDA
MEDIADOR: SERGIO LEO

11h – 12h30  MESA DE DEBATE 3

POESIA CONTEMPORÂNEA: O LUGAR SOCIOEXISTENCIAL
PALESTRANTES: ÉRICO BRAGA e FERNANDO FIORESE
MEDIADOR: PIERO EYBEN

14h – 15h15 MESA DE DEBATE 4

POESIA CONTEMPORÂNEA: DO LOCAL AO GLOBAL
PALESTRANTES: NICOLAS BEHR e LUIS TURIBA
MEDIADOR: AUGUSTO RODRIGUES

15h30 – 16h45 MESA DE DEBATE 5

POESIA CONTEMPORÂNEA: BRASÍLIA 50 ANOS
PALESTRANTES: ALEXANDRE MARINO e AMNERES SANTIAGO
MEDIADOR: ALEXANDRE PILATTI

16h45-17h –Café

17h– 18h  Mesa de Comunicação D-
                Líder: André Luís Gomes
18h-19h30 Mesa de Comunicação E-
                Líder: Augusto Rodrigues da Silva Junior
19h30-21h Mesa de Comunicação F-
                Líder: Germana H. P. de Sousa
21h15-22h Mesa de Comunicação G-
                Líder: Adriana de F. B. Araújo

DIA 10 – QUARTA-FEIRA (Manhã)                                                 
Local: Universidade de Brasília- Auditório do Prédio novo do IB (Instituto de Biologia)

8h – 9h30 Mesa de Comunicação H-
               Líder: Hilda Lontra

9h30 -10h30  PALESTRA DO POETA FABRÍCIO CARPINEJAR- Prêmio Jabuti 2009-

11h – 12h  MESA DE DEBATE 6

POESIA CONTEMPORÂNEA: O LUGAR MIDIÁTICO
PALESTRANTES: JOSÉ CASTELLO e  SERGIO DE SÁ
MEDIADOR: MAURÍCIO MELO

12h - ENCERRAMENTO-
CAFÉ COM AUTÓGRAFOS DOS CONVIDADOS

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

"Os portadores de sonhos"

Poema de Gioconda Belli encaminhado como contribuição por Felipe Corrêa e que reproduzo para nossa reflexão!

Em todas as profecias
está prevista a destruição do mundo.
Todas as profecias dizem
que o homem criará sua própria destruição.
Porem os séculos e a vida que sempre se renovam
criariam também uma geração de amantes
e sonhadores;
homens e mulheres que não sonharam com a
destruição do mundo,
e sim com a construção do mundo das mariposas
e dos rouxinóis.
Desde pequeninos vinham marcados pelo amor.
Por trás de sua aparência cotidiana
guardavam a ternura e o sol da meia-noite.
Suas mães os encontraram chorando
por um pássaro morto
e mais tarde muitos foram encontrados
mortos como pássaros.

Estes seres coabitaram com mulheres translúcidas
e elas ficaram prenhes de mel e de filhos reverdecidos
por um inverno de carícias.
Foi assim que proliferaram no mundo os portadores
de sonhos,
atacados ferozmente pelos portadores de profecias
que falavam
de catástrofes.
Foram chamados iludidos, românticos, pensadores de
utopias,
disseram que suas palavras eram velhas
-e de fato eram porque a memória do paraíso
é antiga
no coração do homem -
os acumuladores de riquezas os temiam
e lançavam seus exércitos contra eles,
mas os portadores de sonhos faziam amor
todas as noites
e do seu ventre brotava a semente
que não somente portava sonhos mas que os
multiplicavam
e os fazia correr e falar.
E assim o mundo criou de novo a sua vida
da mesma forma que havia criado os que inventaram
a maneira
de apagar o sol.
Os portadores de sonhos sobreviveram aos
climas gélidos
e nos climas quentes pareciam brotar por
geração espontânea.
Quem sabe as palmeiras, os céus azuis, as chuvas
torrenciais
tiveram a ver com isso,
a verdade é que, como formiguinhas operárias
estes espécimes não deixavam de sonhar e construir
mundos formosos,
mundo de irmãos, de homens e mulheres que se
chamavam companheiros,
que se ensinavam a ler uns aos outros, consolavam-se
diante da morte,
se curavam e se cuidavam entre si,
se ajudavam
na arte de querer e na defesa da felicidade.
Eram felizes em seu mundo de açúcar e de vento
e de todas as partes vinha gente impregnar-se de alento
e de suas claras percepções
e de lá partiam os que os haviam
conhecido
portando sonhos,
sonhando com novas profecias
que falavam de tempos de mariposas e rouxinóis,
onde o mundo não haveria de findar na
hecatombe
mas onde os cientistas desenhariam
fontes, jardins, brinquedos surpreendentes
para fazer mais gostosa a felicidade do homem.

São perigosos - imprimiam as grandes rotativas
São perigosos - diziam os presidentes em seus discursos
São perigosos - murmuravam os artífices da guerra
Devem ser destruídos - imprimiam as grandes rotativas
Devem ser destruídos - diziam os presidentes em seus discursos
Devem ser destruídos - murmuravam os artífices da guerra.
Os portadores de sonhos conheciam seu poder
e por isso nada achavam de estranho
E sabiam também que a vida os havia criado
para proteger-se da morte que as profecias
anunciam.
E por isso defendiam sua vida até a morte
E por isso cultivavam os jardins de sonhos
e os exportavam com grandes laços coloridos
e os profetas obscuros passavam noites
e dias inteiros
vigiando as passagens e os caminhos
procurando essas cargas perigosas
que nunca conseguiram encontrar
porque quem não tem olhos para sonhar
não enxerga os sonhos nem de dia, nem de noite.
E no mundo sucedeu um grande tráfico
de sonhos
que os traficantes da morte não podiam estancar;
em todas as partes há pacotes com laços de fita
que só esta nova raça de homens pode ver
e a semente destes sonhos não se pode detectar
porque está envolta em corações vermelhos
ou em amplos vestidos de maternidade
onde pezinhos sonhadores sapateiam nos ventres
que os carregam.
Dizem que a terra depois de os haver parido
desencadeou um céu de arco-íris
e soprou de fecundidade as raízes das árvores.
Nós sabemos que os vimos
Sabemos que a vida os criou
para proteger-se da morte que as profecias
anunciam.

(trad. Celso Japiassu)

La poeta y novelista, Gioconda Belli nació en Managua. Participó, desde el año 1970 en la lucha contra la dictadura de Anastasio Somoza ,como miembro del Frente Sandinista. Vivió exiliada en Mexico y Costa Rica. Ocupó varios cargos partidarios y gubernamentales en la Revolución Sandinista en los 80. Es madre de cuatro hijos y desde hace algunos años divide su tiempo entre California y Managua.

domingo, 11 de julho de 2010

"Brasílias de luz" ... aguardem a data de estréia do novo espetáculo de poesia e música!

Da esquerda para direita aí estamos nós após ensaio
( auditório do Museu Nacional)
Yara , Felipe, Paulo, Gi , Augusto, Natália e Thainá (em pé)
Leticia, Mônica, Gabriel, Julliany, Mateus, Maxçuny, Patrícia, Ismênia e Deliane (sentados)
***
Nada pra se acreditar
Mas tá tudo azul...
Nada pra se acreditar
Mas a fé tingiu o azul de anil!

(Oswaldo Montenegro/ homenageado)

*** 
"Brasílias de luz" estreará por ocasião do II Simpósio de Crítica de Poesia. Em breve estaremos divulgando os nomes dos pesquisadores e poetas confimados para o evento.

_______________________________________________________
Apoio
FAC-DF
Depto. de Teoria literária e Literaturas/Instituto de Letras UnB
 Petry Gráfica e Editora

quarta-feira, 23 de junho de 2010

POESIA PARA QUEM PRECISA

-POESIA PARA QUEM PRECISA - De São Sebastião a Ceilândia, de Taguatinga a Samambaia... Os Saraus cada vez mais ganham adeptos (Correio Braziliense - Caderno Cultura - 20 de maio de 2010)

Emocionei-me ao ler no último dia 20 de maio a matéria da capa do Caderno Cultura. Vi que aquela emoção que as palavras de um poema provocam em mim não é privilégio meu, nem faz de mim um ser de outro mundo.

Para alguns a poesia é “coisa do passado”, “coisa pra gente velha”, mas a foto do Correio Braziliense desmente essa falácia, são pessoas de todas as idades que se reúnem em diversos pontos da cidade unidos pelo vínculo da arte da palavra. E há quem diga que: “a poesia está morta”, “ninguém mais dá valor à poesia”, “poesia é muito piegas”.

Certa vez ouvindo uma palestra de Rubem Alves sobre educação, algo mudou minha prática de incentivo à leitura. Ele fez um passeio pela origem da palavra seminário, e declarou que o ato de dar aulas (fazer seminários) deveria ser um generoso jorrar do sêmem da palavra sobre a terra fértil (ou não) das mentes.

A partir de então tenho uma prática em sala de aula e que reproduzo sempre que vou começar a falar de poesia a uma nova turma. Pergunto "-quem gosta de poesia?" Sempre há alguns poucos que dizem que sim, mas a maioria declara sua aversão por meio de frases pejorativas. Então eu peço (a uma das pessoas que criticou ferozmente a poesia) que ouça como se ouvisse a voz da pessoa amada e eu recito um poema de amor (“antigo” e “piegas”). Termino com aplausos emocionados e pedidos de “mais um”. A partir deste momento eles não me deixam dar aulas sem primeiro recitar um poema.

Tempos depois, quando reencontro alguns destes alunos, eles têm prazer em relatar a quantidade de poesias que leram e que buscaram sozinhos para não perder a magia que a palavra semeara neles.Então me sinto gratificada, e sei que meu trabalho não é vão.

E, como prova de que a poesia está muito viva, em setembro teremos a segunda edição da
Bienal Internacional da Poesia que promove eventos relacionados com a arte da palavra por todas as regiões administrativas da cidade, será um ótimo momento para você ter um contato pessoal com a poesia.

Na abertura da II BIP, no Museu Nacional, haverá uma homenagem a Oswaldo Montenegro e a vários poetas da cidade com o espetáculo “Brasílias de Luz”  pelo Grupo Vivoverso.

A poesia está viva, então... viva a poesia!
Professora Maxçuny Alves Neves da Silva

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Morre Saramago , mas deixa viva a ética da fraternidade


"Há esperanças que é loucura ter. Pois eu digo-te que se não fossem essas já eu teria desistido da vida."

                                      José Saramago, em Ensaio sobre a cegueira
___________________________________________
O escritor José Saramago morreu na manhã desta sexta-feira, 18 de junho, aos 87 anos. 
 Era também doutor Honoris causa pela UnB. Recebeu o título em 1997, quando veio à Universidade  a convite do Departamento de Teoria Literária e Literaturas do Instituto de Letras , sendo vice-diretor  do IL o seu amigo e meu orientador de doutorado, o saudoso professor 
Almir Bruneti, que nos apresentou.
Nessa bela ocasião tive a alegria de entregar-lhe uma publicação com os trabalhos escritos de minha turma de Letras acerca do livro Ensaio sobre a cegueira. Como estava com as mãos cheias de livros, entregou-os a Pilar, sua mulher,  e, com as duas mãos livres, recebeu o que lhe entregava em um gesto de extrema delicadeza e respeito à literatura e seus leitores.   
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Deixe pra nós registrado o trecho que mais lhe "fale" da obra do escritor.
Vivoverso agradece sua importante colaboração!

sexta-feira, 11 de junho de 2010

É 12 de junho, fale de amor com o Vivoverso!


" Falamos de amor - na música, na literatura, na poesia- para evocar o indescritível e justificar uma escolha racionalmente injustificável (...) toda fala de amor é um discurso do não saber (...) aproximando-se por isso da linguagem sagrada e teológica, ou seja, da expressão daquilo cuja verdade jamais se estende, banhada de luminosidade , à frente do olhar humano"

     (por José Luís Furtado, em seu livro Amor, Editora Globo, 2008)

Do espetáculo "Fale-me de amor! " apresentado pelo Vivoverso na
"I Bienal Internacional de Poesia de Brasília", lembro alguns dos versos especiais de Affonso Romano de Sant`Anna que permanecem inspirando pesquisas, reflexões e ações:

Uns aprendem a nadar
Outros a dançar, tocar piano,
Fazer tricô e a esperar

Na infância cai-se
Para se aprender a andar,
Cai-se do cavalo e do emprego
Aprendendo a viver e a cavalgar


Em alguns aprendizados
Chega-se à perfeição.
Em alguns.

 
No amor, não.

***
Agora... deixe pra nós seus versos de amor preferidos!

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Vivoverso e Simpósio de Poesia na II Bienal Internacional de Brasília em setembro

*
     PARTICIPE CONOSCO!!
           Clique nas imagens  para melhor visualizar as informações

EM BREVE ESTAREMOS INFORMANDO COMO SE INSCREVER NO EVENTO.

* Concepção e design do cartaz por  Laura Dusi

terça-feira, 20 de abril de 2010

Vivoverso homenageia Brasília, a cidade onde nasceu!


"...nada existe como o azul sem manchas
do céu do Planalto Central
e o horizonte imenso aberto
sugerindo mil direções!"
                                          Toninho Horta e Fernando Brant

Nestes 50 anos, desde 1960, muito aconteceu na capital do Brasil. Nem sempre a luz do céu foi vista.... Mas o Grupo Vivoverso se dispõe a trazer mais pra perto o "azul sem manchas" deste céu que merecemos, pelas luzes da poesia.

Queremos continuar a contribuir para compor o "horizonte lírico imenso aberto" de "mil direções".

Registre, então, neste espaço, um texto, seu ou de alguém que goste, sobre a nossa cidade de Brasília!

Vamos homenageá-la juntos!!!

domingo, 21 de março de 2010

OSWALDO MONTENEGRO EMOCIONA UMA VEZ MAIS!


Um show de virtuosismo em todos os níveis foi o que
Oswaldo Montenegro mostrou no lançamento do DVD
Quebra-cabeças elétrico ( título-homenagem à canção de Antonio Adolfo que concorreu no mesmo festival que consagrou a belíssima “Bandolins” na década de 1980), na melhor tradução da tradição da MPB.

Foi nesta sexta-feira, 19, na casa de espetáculos Canecão no Rio de Janeiro. Em uma homenagem a parceiros como Zé Ramalho -com uma banda afiadíssima e Madalena Salles linda na flauta como sempre- ouvimos a canção da dupla que começa dizendo “em terra de cego/quem tem um olho é rei.../imagine quem tem os dois...”. (A platéia fica imantada nesta letra poema!). Sublinho também a interpretação antológica de “Muito romântico” de Caetano, seguido de “Minha honey baby”, a favorita de Elvira Montenegro ( na foto à esquerda), mãe do compositor, com quem compartilhei a primeira mesa gargarejo da platéia, ao lado de Vânia, sua irmã (que tirava a foto), e da animada tia Nícia (ao centro) .


Estar com Oswaldo pra mim sempre significa -há 32 anos- que vou compartilhar momentos inspiradores também com minha amiga Elvira, com quem tive a honra de trabalhar assim que cheguei à Brasília, em 1984. Nesse caminho o tempo entre nós todos transformou-se em elo.

Quem tem o privilégio de conviver com esta família-poesia ( oi, Bruna , oi Deto!) entende a dedicação à beleza e a garra que caracterizaram durante toda a sua carreira o cancionista, diretor teatral e músico excepcionais. Saí do show com o espírito inspirado e em festa. É isso que ele faz com a gente. Há mais de 30 anos. Não é pouco.

Pela relevância de sua obra extensa - e intensa- de contínuos sucessos (que sempre emocionaram platéias , como  sexta-feira) ; pela alegria em criar e em dar oportunidade para que novos talentos cresçam a seu lado; pela missão artística que cumpre com virtuosismo renovado, Oswaldo Montenegro receberá a homenagem poética do grupo de poesia e performanceVivoverso, da Universidade de Brasília, na Abertura da II Bienal Internacional de Poesia de Brasília representando todos os artistas da palavra que contribuíram para construir a alma sensível de Brasília nestes 50 anos da capital.
Dia 3 de setembro. Dia histórico imperdível. O compositor já confirmou a presença !
        
***
Compartilhe aqui os versos do poeta que mais te tocam...
***
( As fotos são do arquivo pessoal de Vânia Montenegro- gentilmente cedidas para o blog)

sábado, 30 de janeiro de 2010

Marina Colasanti aceita o convite para participar do II Simpósio de Crítica de Poesia da II BIP Brasília


Marina Colasanti
confirmou sua presença no II Simpósio de Crítica de Poesia (setembro de 2010) da II Bienal Internacional de Poesia de Brasília, para nossa alegria!

Será um luxo como poucos podermos ouvir e sentir de perto esta tão querida multiartista: escritora, artista plástica, roteirista e tradutora internacionalmente reconhecida, que (entre muitos outros) recebeu quatro prêmios Jabuti. Só em 1994 foram dois– o de literatura infantil e o de poesia com Rota de Colisão. Seu primeiro livro foi publicado em 1968, Eu Sozinha, e o primeiro de poesia foi Cada Bicho seu Capricho , de 1992. Desde o início de sua carreira literária publicou mais de trinta volumes de contos, crônicas e poemas.

Querem  um gostinho?

De caça a caçador

Para alcançar palavras que nos fogem
preciso é acarpetar as passos
velar de espesso véu nosso desejo
e esperá-las
caiados
de tocaia.
Sempre haverá um momento
de descuido
em que a palavra
recolhidas asas
pousará sobre a língua
e será nossa.
Entrementes
há que tomar cuidado.
Assim como as caçamos
palavras há também
em cada esquina
prontas
com unha e dente
a nos saltar em cima.

(in República dos Poetas; antologia poética.
Rio de Janeiro: Museu da República Editora, 2005)

domingo, 17 de janeiro de 2010

VivoVerso, cena e crítica em 2010: certificado de mérito


"Como o poema de Cora Coralina
é irmão de “ ...E agora, José”,

está escondido no tempo, menina,
aquilo que a gente é."
                                                                                           Oswaldo Montenegro

A CENA
O projeto para o espetáculo "BRASÍLIA, SÓ ELA!", com seleção de poemas de vários autores e canções sobre a capital ganhou o CERTIFICADO DE MÉRITO E RELEVÂNCIA DO GDF para figurar no conjunto de homenagens que acontecerão na cidade pelos seus 50 anos.

A CRÍTICA
A partir de fevereiro também começam os convites oficiais aos poetas, críticos acadêmicos e jornalistas para as mesas de debate do II Simpósio de Crítica de Poesia  (3,4,5 de setembro) sobre o grande tema "POESIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA: OLHARES e LUGARES".
O Evento  comporá , sob nossa coordenação, a II Bienal Internacional de Poesia de Brasília - com uma rica programação projetada pelo poeta e diretor da Biblioteca Nacional, Antonio Miranda. O homenageado desta edição será o compositor, cantor, diretor teatral e poeta Oswaldo Montenegro.

O II Simpósio visa a atualização dos debates sobre a produção artística surgida no Brasil, a partir da década de 1990, considerando os vários vetores da produção poética contemporânea na construção e desconstrução dos processos de subjetivação.
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*...como prometido, a praia do post abaixo é...Acapulco!!


sábado, 9 de janeiro de 2010

VAMOS COMPARTILHAR ?

 VivoVerso está de recesso (o acadêmico, não o artístico -que pra isso não se tem recesso nunca).
A você que nos visita convidamos a deixar aqui sua sugestão de livro, blog ou  canção...

Indico O ar e os sonhos, de Gaston Bachelard. Segundo o filósofo, no livro....
"Imaginar é subir um tom na realidade".

E você , o que já descobriu neste início de 2010 ? Conta pra nós!


 Testando a percepção e trabalhando a imaginação...você sabe onde é essa praia da foto?
Acerte e ganhe o livro Poesia: o lugar do contemporâneo com o CD do Vivoverso!
                                                      (Resposta na próxima semana)