quarta-feira, 23 de junho de 2010

POESIA PARA QUEM PRECISA

-POESIA PARA QUEM PRECISA - De São Sebastião a Ceilândia, de Taguatinga a Samambaia... Os Saraus cada vez mais ganham adeptos (Correio Braziliense - Caderno Cultura - 20 de maio de 2010)

Emocionei-me ao ler no último dia 20 de maio a matéria da capa do Caderno Cultura. Vi que aquela emoção que as palavras de um poema provocam em mim não é privilégio meu, nem faz de mim um ser de outro mundo.

Para alguns a poesia é “coisa do passado”, “coisa pra gente velha”, mas a foto do Correio Braziliense desmente essa falácia, são pessoas de todas as idades que se reúnem em diversos pontos da cidade unidos pelo vínculo da arte da palavra. E há quem diga que: “a poesia está morta”, “ninguém mais dá valor à poesia”, “poesia é muito piegas”.

Certa vez ouvindo uma palestra de Rubem Alves sobre educação, algo mudou minha prática de incentivo à leitura. Ele fez um passeio pela origem da palavra seminário, e declarou que o ato de dar aulas (fazer seminários) deveria ser um generoso jorrar do sêmem da palavra sobre a terra fértil (ou não) das mentes.

A partir de então tenho uma prática em sala de aula e que reproduzo sempre que vou começar a falar de poesia a uma nova turma. Pergunto "-quem gosta de poesia?" Sempre há alguns poucos que dizem que sim, mas a maioria declara sua aversão por meio de frases pejorativas. Então eu peço (a uma das pessoas que criticou ferozmente a poesia) que ouça como se ouvisse a voz da pessoa amada e eu recito um poema de amor (“antigo” e “piegas”). Termino com aplausos emocionados e pedidos de “mais um”. A partir deste momento eles não me deixam dar aulas sem primeiro recitar um poema.

Tempos depois, quando reencontro alguns destes alunos, eles têm prazer em relatar a quantidade de poesias que leram e que buscaram sozinhos para não perder a magia que a palavra semeara neles.Então me sinto gratificada, e sei que meu trabalho não é vão.

E, como prova de que a poesia está muito viva, em setembro teremos a segunda edição da
Bienal Internacional da Poesia que promove eventos relacionados com a arte da palavra por todas as regiões administrativas da cidade, será um ótimo momento para você ter um contato pessoal com a poesia.

Na abertura da II BIP, no Museu Nacional, haverá uma homenagem a Oswaldo Montenegro e a vários poetas da cidade com o espetáculo “Brasílias de Luz”  pelo Grupo Vivoverso.

A poesia está viva, então... viva a poesia!
Professora Maxçuny Alves Neves da Silva

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Morre Saramago , mas deixa viva a ética da fraternidade


"Há esperanças que é loucura ter. Pois eu digo-te que se não fossem essas já eu teria desistido da vida."

                                      José Saramago, em Ensaio sobre a cegueira
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O escritor José Saramago morreu na manhã desta sexta-feira, 18 de junho, aos 87 anos. 
 Era também doutor Honoris causa pela UnB. Recebeu o título em 1997, quando veio à Universidade  a convite do Departamento de Teoria Literária e Literaturas do Instituto de Letras , sendo vice-diretor  do IL o seu amigo e meu orientador de doutorado, o saudoso professor 
Almir Bruneti, que nos apresentou.
Nessa bela ocasião tive a alegria de entregar-lhe uma publicação com os trabalhos escritos de minha turma de Letras acerca do livro Ensaio sobre a cegueira. Como estava com as mãos cheias de livros, entregou-os a Pilar, sua mulher,  e, com as duas mãos livres, recebeu o que lhe entregava em um gesto de extrema delicadeza e respeito à literatura e seus leitores.   
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Deixe pra nós registrado o trecho que mais lhe "fale" da obra do escritor.
Vivoverso agradece sua importante colaboração!

sexta-feira, 11 de junho de 2010

É 12 de junho, fale de amor com o Vivoverso!


" Falamos de amor - na música, na literatura, na poesia- para evocar o indescritível e justificar uma escolha racionalmente injustificável (...) toda fala de amor é um discurso do não saber (...) aproximando-se por isso da linguagem sagrada e teológica, ou seja, da expressão daquilo cuja verdade jamais se estende, banhada de luminosidade , à frente do olhar humano"

     (por José Luís Furtado, em seu livro Amor, Editora Globo, 2008)

Do espetáculo "Fale-me de amor! " apresentado pelo Vivoverso na
"I Bienal Internacional de Poesia de Brasília", lembro alguns dos versos especiais de Affonso Romano de Sant`Anna que permanecem inspirando pesquisas, reflexões e ações:

Uns aprendem a nadar
Outros a dançar, tocar piano,
Fazer tricô e a esperar

Na infância cai-se
Para se aprender a andar,
Cai-se do cavalo e do emprego
Aprendendo a viver e a cavalgar


Em alguns aprendizados
Chega-se à perfeição.
Em alguns.

 
No amor, não.

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Agora... deixe pra nós seus versos de amor preferidos!